Saturday, December 27, 2008

:)



Poster anti-guerra com a Joan Baez e as suas irmãs, Pauline and Mimi, em 1968.

daqui

Friday, December 26, 2008

o meu natal com o tempo desdobrou-se em muitos, com novas combinações de pessoas, outros espaços, o peito é grande cabem lá todos mas durantes estes dias há um anulamento pessoal qualquer, parece que estou a ver de fora, de cima. estive com o meu irmão, o meu pai, a minha irmã apareceu num dos jantares, sempre muito convívio, muita papelada, muitos obrigadas, muita gente, muito fixe. aconteceu tanta coisa desde o regresso que a viagem parece estar para trás, e também para cima. hoje colei muitos postais no armário do meu quarto, o que lhe disfarça a pinta ikea asséptica com um mini caos de imagens maravilhosas. assim não deixo que a estadia lá em nova iorque perca o lado real, assim trago marcas de vidinha, como diz o jp, para perto da minha cama, o local sagrado. o ano novo que venha.

Tuesday, December 16, 2008

About blogging...

Monday, December 15, 2008

Orçamentos

Muitas contas se fazem em época de natal... que angústia.

Monday, December 8, 2008

e passaram 3 meses certinhos tão bons, muito intensos, muito românticos e muito cool. da outra vez, no último dia, eu, que gosto de closures, vi o manhattan do woody allen que foi o meu filme da vida durante uns anos e à noite fui com a querida joana ao empire state building. estava emocionada e feliz. desta vez, não sinto necessidade de desenhar o the end, porque a última coisa que eu quero é o fim.
mas pensei num post. queria postar bocados de filmes que fazem o meu sentido, o início do manhattan, a idade da inocência do scorsese, a chinatown da rosa púrpura do cairo (acho), qualquer coisa do spike lee, talvez o lou reed, o when harry met sally, o an affair to remember, o normal.
mas a verdade é que há um único filminho que junta tudo o que nova iorque é em mim, ou foi até ao momento da chegada, mas que continua muito vivo ainda para lá disso. lembro-me de, novinha, o videoclip passar na televisão e eu emocionar-me. é muito embaraçante, mesmo.
convém explicar que tenho um tio que vivia na américa (aqui, in fact) na altura e que eu gostava já de ver filmes. spielberg e assim. o tio sempre foi um bocado qualquer coisa meio fascinante porque não só decidiu ir viver para longe da família, coisa que era super rara e admirável, como escolheu morar em nova iorque. era o meu tio da américa. trazia sempre presentes super loucos para todos, então nova iorque era mais mágica ainda. ele parecia gostar muito, tudo aquilo mexia comigo, ainda mexe claro está.
assim, os filmes e os videoclips passados em nyc, eu gostava deles porque eram fixes mas também porque estavam ligados a uma realidade/liberdade qualquer que eu só conhecia através desse tio, de quem nem sequer era próxima.
quando o videoclip que eu amava aparece, começou logo a funcionar como um selo. tau! a música é xaroposa, tem blacks a cantar, tem uma história pirosíssima, mas sobretudo o pano de fundo é nova iorque. eu acho q na altura nem conseguia perceber isto que estou a dizer, mas sentia genuinamente tudo isto que estou a descrever. as pessoas com casacões em movimento em ruas em obras. pessoas a sair do metro, pessoas com ar pouco feliz, a viver concretamente a vida delas, pessoas num autocarro. era a imagem de nova iorque nos 80's. lembro-me tb na escola primária de ser-nos explicada a paisagem rural e a paisagem da cidade, e eu sentir tão mais, mas tão mais da cidade.
eu tenho muita vergonha de partilhar isto, mas isto sou eu e por isso a vergonha que se lixe.este é o videoclip:

não é maravilhoso? dentro da categoria "sem explicação", gosto verdadeiramente dele. (eu cresci, o tio emprestou-me 2 vezes a casa dele em nova iorque e nem tenho como lhe agradecer.)

Tuesday, December 2, 2008



Daqui

Monday, December 1, 2008

ao contrário da ju, ou do desenho que a ju postou, não estou stuck, deveria até estar um bocadinho mas não estou. de amanhã a uma semana, dar-se-á o regresso. apetece-me dar um abraço forte a cada uma das minhas pessoas, as tais que viveram as mudanças todas nas suas vidas. tenho curiosidade em saber como estão as vidinhas de todos, se tudo mudou para que tudo fique na mesma ou se, in fact, há realmente alteração. (na vida de algumas, sei bem que sim.) eu tenho saudades de muita coisa, mas é uma saudadinha leve e simpática. se essa saudade fizesse um braço de ferro com a vontade que tenho de continuar por aqui, perderia. a cidade é viciante, aqui o acesso às coisas do meu coração é tão mais facilitado, o trabalho tem sido feito. passei muito tempo sentadinha na labuta e o tamanho do meu rabiosque é disso prova. n fui a muitos museus, fui a alguns concertos e fui imenso ao cinema. vi realizadores maravilhosos à frente e a minha cabeça ganhou uma outra percepção desta coisa dos filmes. não me livro da sensação de ser uma pulguinha pequenina a picar territórios infinitos de ideias, mas já cá canta mais conhecimentozinho. comi coisas novas e bebi pouco, porque é caro. comi muitos muitos doces. nadei menos. (e o tamanho do meu rabiosque também é disso prova.) revi caras, assisti a uma cadeira maravilhosa dada por um professor maravilhoso. voltei a sítios e conheci outros que criaram em mim vontade de a eles voltar. não comprei muitos cd's, mas comprei bastantes dvd's. se pudesse morava no cinema americano dos anos 70, mas seria triste. vi um filme que fez a ponte toda entre a minha paranóia (a mais antiga) com os 60's e 70's e o tema da minha tese, deu alguma closure a um fio condutor qualquer, chama-se alice's restaurant e é do arthur penn, o realizador do bonnie and clyde.
eu, se pudesse, ficaria. como não posso, penso no mais. galões e tostas de queijos, sobrinhos a treparem por mim acima, melgar os meus irmãos, passeios com o jp no carro dele a ouvir qualquer coisa a caminho de um sítio qualquer, as caras e as vozes e o toque de toda a gente. a pessoa não se pode pôr com muitas merdas. eu continuo a agradecer a minha sorte, eu sinto-me agradecida.
tanta medida tirada não me deixa cair dentro do capítulo. volto a ele.

Saturday, November 29, 2008

Stuck

Thursday, November 27, 2008

Apaixonada...

Por estas bota japonesas lindas de morrer... Chamam-se Sequoia :)



Aliás toda a colecção é linda.Para além de ser ecológica e biodegradável :)

Tuesday, November 25, 2008

Esta casa é linda...

Mais um passaroco...


Um tucano que vive junto da minha janela. A plantinha foi-me oferecida pelos meus trinta anos, com a explicação que em trinta anos iria tornar-se numa árvore e que portanto acompanhar-me-ia para o resto da vida. Como não a mudo de vaso creio que dificilmente irá atingir esse estado, mas as folhas têm crescido tanto que já ganhou direito a um lugar elevado.

Monday, November 24, 2008

Corners of my home...

Esta ainda é uma versão antiga da casa, no Verão, antes do A. ter vindo para cá morar connosco. O apartamento agora já está um pouquinho diferente, mais crescido e elegante, mas sobretudo com um upgrade tecnológico considerável (os homens têm a suas prioridades ;).



O quadro é um foto que gosto muito, de uma série que o Duarte Belo tirou na Amazónia há uns anos a trás. O passaroco foi feito pela artista Lisa Congdon, quando ela ainda tinha um blog e não se tinha dedicado à arte em exclusividade. A escultura azul foi um presente do A., é muito bonitinha, e foi comprada nesta loja da ETSY. Eu sou maluca por estas formas orgânicas marinhas, portanto acho lindo tudo o que esta artista faz. Por último as jarrinhas... têm um significado especial porque antes de estarem cá em casa estiveram décadas e décadas numa estante na casa dos meus avós. Acho que são feitas de dentes de baleia, mas de uma altura em que as baleias ainda não estavam em perigo de extinção. Tenho uma série de objectos cá em casa que conseguiram fazer a transição da decoração da casa dos meus avós para a minha, e na verdade adoro-os. Desde as jarrinhas às colheres de pau, há algo na transmissão geracional destas pequenas coisas que faz imenso sentido para mim, quanto mais simples e úteis melhor. As plantinhas na jarra, coitadas, já tiveram melhores dias. Foram compradas ainda no vaso, mas não resistiram ao meu tratamento...

Saturday, November 22, 2008

Julie Morstad




Mais aqui.
E aqui um livrinho muito lindo que está há algum tempo na minha wish list.
Mas o meu preferido continua a ser este, acho-o maravilhoso.

Friday, November 21, 2008

a menos de três semanas do regresso, são 4 e 30 da tarde, escrevo no lugar de todos os dias, de costas para a janela. estou a ouvir a joni mitchell, uma outra grande companhia da estadia. o inverno chegou com tanta imposição que as folhas das árvores ali debaixo cairam no chão. e hoje o chão só não está amarelo porque alguém as varreu. nos outros dias, as árvores pareciam rachas num quadro de folhas amarelas a cobrir um chão escuro. a viagem às montanhas e à praia ficou para trás mas as marcas estão ainda em mim.
a questão da américa, aprendo, é a dimensão.
na guiné, tinha já percebido o tamanho ridículo dos humanos num quadro real de natureza de proporções gigantescas. mas lá é tão natural que isso se sinta logo porque lá as distâncias dilatam porque as infra-estruturas estão todas deficientes. foi a áfrica que ainda pude conhecer, um país do tamanho do alentejo mas que me parecia infinito. no brasil foi tão forte, em minas aconteceu o mesmo. a velocidade a diminuir, a distância a aumentar e o caminho a transformar-se logo. três horas para fazer 23 km. mas na viagem entre o rio e s. paulo, feita de autocarro e também de carro, já se sentia um bocadinho o que senti naqueles 10 dias mini-on the road. a pessoa anda anda e anda e nem andou assim tanto, e não interessa assim muito. mas a pessoa sentir-se pequenina em movimento, em estradas sem buracos e às vezes vazias, em carros que aceleram, interessa (sobretudo a uma mina que escreve sobre o assunto). parece que por mais que acelere (não dá para acelerar assim tanto) a estrada não tem fim. só dá vontade de acelerar por isso mesmo.
sobre a natureza, que em cape cod é maravilhosa a jogar com as cores das folhas, deu também para sentir por uns momentos que o tamanho e a densidade são brutais. acho que aqui brutal aplica-se de facto. tentámos entrar nas catskills, entrámos mesmo nas catskills mas só lá estando dentro é que percebi isso da força da wilderness. as catskill mountains têm 87 picos. 87 picos. e não é uma serra assim tão grande. guiámos ainda um bocado lá dentro. enquadramentos lindos com vegetação densa. lá em cima havia neve, pouquinha mas havia. cá em baixo, riachos e uma linha férrea velha e inutilizada. casinhas lindas com fumo a sair da chaminé. locais com camisas quentes e botas boas para o outdoors. lagos, parques naturais, tudo em sequência.
lembrei-me tanto do twin peaks. para quem a série é referência, é assim a zona. camiões com troncos enormes de lenha, diners com cup of coffee e blueberry pie (que até parece ser boa). foi forte, sobretudo a chegada a um lago que vou descrever como sublime. era pequeno e numa ponta, onde estávamos, começava a extensão da água. o lago estava no cimo de uma montanha, portanto para lá dele havia qualquer coisa que não se via, um precipício talvez, não sei dizer. árvores lindas coloridas e muitas de um dos lados e rocha quase branca do outro. rocha que se elevava para cima, tão alto, e lá no topo, disfarçadíssima, uma super-casa, meio obscena por existir ali. ficámos sentados quase em silêncio. este foi o momento puro mais intenso destes 3 meses aqui e de muitos mais aí. só de descrevê-lo fico afectada.
volto para o trabalho com o coração a bater com mais força.

Thursday, November 13, 2008

Convivências...



A Miurka habituou-se rapidamente à presença do A. aqui em casa.

Tuesday, November 11, 2008

a vida em nova iorque é muito boa. mas tinha chegado a um ponto em que esta viagem era mesmo necessária. já deveria ter escrito muito mais. lá, consigo trabalhar bastante e deixei a minha cabecinha seguir esse erro estúpido que é o de pensar que esticar a corda nem é assim tão mau. ainda bem que a amiga da minnie ia para lá. tivemos de nos pôr a andar e em vez de taxis amarelos, gente de mil cores, sirenes de ambulâncias e bombeiros constantemente a bombar, muita bibliografia e filmografia para estudar, estive ao pé do mar e agora na montanha.
cape cod é muito lindo, é relativamente pequena, em 4 dias conhecêmos tudo. o edward hopper ia para lá nas férias e pintou lá uns quadros. casas bonitas com tabuinhas de madeira (mas não como a da mariquinhas), pintadas com cores suaves. como é outono, as árvores são muito coloridas, mas sempre em tons... mmm... outonais. árvores amarelas, vermelhas, cor-de laranja e verdes, uma paleta linda a partilhar o tom, seco amarelado. cape cod é zona balnear, prtt é muito chunga também. mas tem aquela qualidade usada e descartável que eu ia à procura. foi bem bom. a américa é construída em extensão (os arranha-céus são nas cidades e nova iorque é o palco maior) e cape cod é em si mesma uma extensão de terra, uma língua. portanto, um espaço rectangular, termina em provincetown, terra bué gay. o turístico está à beira da estrada, inn's e moteis, restaurantes maus, mini parques de diversão, farmácias, lojas, tudo. aí, é onde está a tal cena descartável e mastigada, decadente, que eu queria ver. quando nos afastamos da 2 estradas principais, descobrimos a cape cod mais real. a queque em chatman, a proletária em hyannis, a cool em yarmoth, acho. sendo que tudo é sempre provinciano. as pessoas todas têm um espírito de terra pequena, um sentido de comunidade, únicos. viajei pouquinho aqui mas encontrei sempre isso. não estou a ser blazé, sinto mesmo isso. prestáveis sempre em dar uma ajudinha, gritam um HIIIIII quando se entra numa loja e despedem-se sempre com um franco have a good day! isso reconforta-me, eu gosto mesmo da américa. (claro que o espírito comunitário neles extende-se para lá do razoável e, se for preciso, ligam à polícia a comunicar como o cidadão XXX ia a guiar muito rápido... credo)
o cabo do bacalhau não tem bacalhau nos restaurantes. o pobre come mal, nós comemos pessimamente. eu viajo um bocado para comer. a comida em cape cod é uma valente merda. a única coisa genuinamente boa que comemos foi uma taça de double chocolat fudge em gelado, servida com mini brownies quentinhos por cima. friendly's é a marca, uma cadeia, depois descobri. mas, de resto, é tudo frito, tudo servido com fries e tudo pode levar ketchup em cima. ainda bem que não vivo lá, comem mesmo muito mal.
salvaram-nos os olhos que viram muita coisa bonita.

e das montanhas, falo depois.

ah, ao fim de 4 dias de vida santa, de tanto dormir, de nada de muito duro fazer, acordei um dia sem sono. o que não acontecia há 2 meses :))))

Sunday, November 9, 2008

Com saudades da luz do verão...

Uma das coisas que gosto mais nesta casa é a sua luz, sobretudo no Verão. Entra cedinho pelo lado dos quartos e cozinha, dá a volta à casa e começa a espreitar pelo estúdio e no canto da sala a meio da tarde... Mantém-se assim durante algum tempo, enquanto passa por detrás do prédio vizinho. Mas depois, por volta das sete da tarde, liberta-se dos obstáculos e, já mais baixa e dourada, entra pela sala adentro, projectando-se contra a parede curva do fundo. Não dura muito tempo, quinze, trinta minutos, dependendo da altura do ano, mas é sem dúvida a melhor hora para se estar em casa...

A Miurka também gosta muito.



Wednesday, November 5, 2008

Obama beats McCain

a road to 270, no rockefeller center, foi feita com 2 elevadores exteriores, de onde saía 1 faixa de cada um deles - elevador azul com faixa azul democrata, elevador vermelho com faixa vermelha republicana. um gigantesco 270 encontrava-se a meio da torre. a contagem ia sendo feita e cada um dos elevadores aproximava-se do 270. quando chegámos, a multidão fotografa e gritava. vários ecrãs gigantes estavam dispostos à volta da rockefeller plaza. toda a gente era pró-obama. o countdown para as 11pm foi sendo feito com gritarias e ovações o-ba-maaaa, o-ba-maaa. os comentadores tentavam evitar falar como se a vitória fosse garantida, mas não conseguiam. a perspectiva histórica, a importância do acontecimento inspirou e emocionou todos. minutos antes das 11pm, não se conseguia dar muita atenção à conversa, uma grande excitação não deixava. às 11 em ponto, obama ganha. o elevador azul subia com rapidez; o vermelho, tão mais abaixo, devagarinho. muitos berros e lágrimas, muita felicidade e orgulho. um país destes unidos desta maneira é de arrepiar qualquer pessoa. (naturalmente, eu só chorava e sorria imenso.) o discurso do mccain teve pinta. o discurso do obama fez, e verbalizou isso mesmo, a ponte histórica entre um passado de censura, opressão e morte com um presente em que democraticamente uma nação unida (por causa dele, e da máquina que montou nos últimos 21 meses) colocou na casa branca uma família preta. o reverendo jessie jackson chorava, o senador john qualquer coisa, que lutou ao lado do martin luther king jr e que reuniu várias vezes com o jfkennedy, também. o povo todo gritava e chorava. numa escola no alabama, acho, todos dançavam e cantavam aquela música do stevie wonder here I am baby, signed sealed delivered I'm yours! agora tenho de ir embora mas quando tiver filhos vou-lhes explicar tudo isto, o que quer dizer, o que senti, o que vi. é um dia lindo, foi um momento único. estou muito emocionada.

Monday, November 3, 2008

Corners of my home...



Comprei estes suportes para velas na Bagatela do shopping center Babilónia há uns anos a trás porque gostei das cores. Depois quando cheguei a casa é que me apercebi que não deixavam passar a luz e eram, portanto, absolutamente inúteis para a sua função original. Aproveitei o facto que tivessem uma pega, preguei uns suportes de quadros na parede, comprei uns mini cactos e voilá... agora fazem-me companhia ao lado da poltrona no estúdio.

(já tenho saudades da luz do Verão)

Saturday, November 1, 2008

não tenho tido tempo para escrever. na próxima quarta, saio daqui por 10 dias, vou conhecer harvard, cape cod e as catskill mountains. umas mini-férias de carro alugado, com fotocópias atrás, vai ser bom.
os dias têm sido fundamentalmente trabalho. com o bocadinho de net que aqui tenho, consigo trabalhar em casa, o que sabe tão bem porque o frio chegou. a coisa já desceu dos 5º, aí num dia. mas hoje esteve-se muito benzinho, obrigadinha. desde a outra tese que não me lembrava o que era estar a dar naquilo de manhã, à tarde e à noite. portanto, a curtição da cidade dá-se na hora da comida ou do lazer.
continuo a achar piada às fotografias penduradas nas paredes dos diners ou coisas do género. fotos das estrelas, autografadas. nos italianos há sempre fotos dos sopranos e dos padrinhos, meio assustador. perto da biblioteca, há um sítio de pizzas, à fatia, que são bem boas. a melhor que devo ter comido cá. o sítio é para estudantes, balcãozinho pra comer, de lá de fora, da janela, vêem-se os homens a cozinhar, é fixe. mas digo isto porque continuo a viver o sítio muito pela comidinha. eles lá têm uma pizza com mozzarela, molho de tomate e tomate fresco, manjericão e um bocadinho de pesto que é tão, mas tão boa! vou ter saudades.
ontem, foi o halloween. saimos tarde da biblioteca, mas deu para jantar no etíope e ainda para copos num cubano. soube-me bem, mesmo apesar das quantidades de gente louca nas ruas. há uma parada anual, que sobe a 6av. desde perto de chinatown até às 23. carros alegóricos e muito, mas mesmo muita gente mascarada, mais ou menos criativamente. vimos um michael phelps brutal que estava de tanga às 11 e meia da noite no meio da rua. vimos também um homem de fato e chapéu de côco com uma maça verde presa à boca - era o quadro do magritte!!!, vimos também pessoas mascaradas de páginas do facebook, em que a cara da pessoa estava no lugar da foto do site. é louco, e eu não gosto do carnaval.
o jp deu-me a prenda na quarta. foi buscar-me à fac. eu estava nas nuvens porque tinha acabado de ver um filme maravilhoso na aula, daqueles que não dá vontade de falar a seguir. days of heaven, do malick. o joão estava sentado e disse-me: comprei a tua prenda. e eu obviamente: então dá! dá lá! ele, ao mesmo tempo, mas tenho de dar já. e deu. o joão levou-me a ver a joan baez. as pessoas sabem o que isso é para mim. mas sobre isso falou noutro dia.
a foto manhosa foi tirada do sítio onde fotografei as indianas. nessa tarde, outros noivos estavam a ser fotografados também. como se vê a skyline, assim a extensão toda, do lado oeste da ilha, o efeito é brutal. eu fiz o mesmo, que tenho uma veia algo foleirita. estou com o meu super casaco-pumpkin, grande amigo. pareço um barril mas pronto. hoje faço anos e recebi mimo de todos.

Friday, October 24, 2008

estou a chegar ao meio da viagem e, como já me disseram, a partir do meio começa o caminho para fora.
desta vez, é tudo mais sério, mais real.
há dois anos, foi brutal mas sempre envolvida por aquela película que me prendia ainda mais a mim mesma, aos meus atrofios. foi duro mas tão bonito, estava a descobrir as coisas por mim, como reagia, o que realmente importava e importa, um crescimento tardio à força.
agora, mais segura e definida e em realização, a paisagem é diferente. não a paisagem geográfica, que é bonita e viva - os taxis amarelos e o chrysler building para mim são tão bonitos e fazem tanto sentido, tranquilizam-me, apetece ficar a olhar, contemplação também. estou a pensar mais na paisagem real da minha vida portuguesa. da movimentação das minhas pessoas que vivem coisas tão importantes. a fifi é mãe há um ano, a babs anda muito muito cansadinha, o marquinho em tratamento, a xaninha a recuperar do susto, a pat vai defender a tese de mestrado, a lia trabalha imenso, é uma super-mãe e consegue estar lá para mim, a martinha sista a dar um outro rumo tão lindo à vida, a leote a atacar a vida como os leões, a juss casada e tão tão ocupada, o fitz a casar-se, o oscarzinho, que guarda o forte onde moro, sinto-lhe a falta todos os dias, a susana vai saltar para fora e só faz é bem (mas n consigo pensar nisso sem ter lágrimas nos olhos), todos todos têm a vida mudada desde que saí. mas todos. só não falo de mais gente pq é chato.
e eu aqui, a viver e a compôr a minha própria geografia. não me consigo sentir longe de ninguém e ainda bem. mas acho que nunca tinha vivido nada assim, com tanta movimentação tactónica adulta. a adolescência ficou realmente para trás.

Tuesday, October 21, 2008

Casas bonitas

Ultimamente no meu netnewswire tenho imensos blogs de decoração... Já passei pela fase craft, pela fase blogs culinários... agora gosto de blogs que mostram fotografias de casas bonitas :) Sobretudo fotografias que eu posso copiar. Depois com a ajudada deste programinho guardo-as e classifico-as e fico com uma colecção muito fixe de casas para me inspirar quando precisar ou me apetecer.

Anyway este são alguns dos sites que gosto mais...

http://desiretoinspire.blogspot.com/

http://www.style-files.com/
http://madebygirl.blogspot.com/

E aqui... um site que descobri hoje, que não é um blog, é um site comercial que vende reportagens... mas que tem fotos de casas lindas lindas de morrer, daquelas que nunca iremos ter, casas de arquitectos, mas muitas muito bem decoradas ;). Uma perdição.



(Nota-se que ando a sonhar com uma vitrine ou louceiro aqui para casa ;)

Monday, October 20, 2008

estou fora do meu país, a trabalhar bastante, a namorar e a sair, a pensar nos meus, a sentir-me fora mas já um bocadinho mais dentro. um movimento contínuo, fluido que me implica toda.
mas uma questão que me acompanha desde que cá cheguei, para além de tudo o mais, que é transversal e importante, que todos os dias está lá, que de algum modo me atrofia porque me constrange e limita é as calças de cintura descaída. a merda das calças de ganga que resolvi trazer e que o meu paizinho me ofereceu numa tarde em lille, comigo histérica na loja da gap mais próxima de bruxelas. ele todo querido e eu fascinada. trouxe-as, são giras, escuras, fico fixe eu acho, muito cools. na primeira semana um calor do caraças, nem era bem uma questão, nem me lembro como foi, mas n sofri com isso, devia usar outra coisa. chegou o frescote e eu, que me tornei friorenta há uns tempos, comecei a usá-las todos, todos os dias. primeiro com chinelos, depois sandálias e há quase um mês as botas da quechua que arranjei para subir o pico do pico, o que não chegou a acontecer. na biblioteca se preciso de pôr a bateria do computer a carregar, em casa se me calço ou descalço, na rua se me baixo por qualquer motivo, seja lá onde for, o raio das calças descobrem-me, fico descobrida, I mean. uma merda sem importância nenhuma mas em que penso todos os dias, mas todos os dias. a par com a cidade no cinema, o pós-modernismo e o pós-industrialismo, o flâneur e o narrador no cinema, uma catrefada de coisas que existem muito para lá das minhas calças, ando meia obcecada com a cintura, que é como quem diz o meu umbigo. é só um desabafo.

Sunday, October 19, 2008

são 7 da noite de domingo e, pela primeira vez desde que cheguei, escrevo de casa. a pimenta descobriu um spot aqui, o triângulo das bermudas da net, mas ao contrário. a pimenta é uma amiga que cá veio passar o fim-de-semana, foi óptimo. ontem trabalhou-se durante o dia mas a noite rendeu, vimos um concerto num bar na bleeker de 11 bandas de baltimore. o espaço do bar é grande mas n tanto. as bandas espalhadas pelos cantos da grande sala e a malta ia se mexendo para vê-las todas. cada banda tocava um tema de cada vez e houve músicas fixes, que puxavam mesmo. foi louco. a cena é q fomos à segunda noite deste baltimore round qualquer coisa. a primeira era folk, apanhámos a noite da electrónica. eu sou mais folk que electrónica. mas foi bom ver toda a gente a saltar, mini-moshs e aqueles crescendos loucos que a electrónica às vezes consegue esgalhar bem. hoje tudo mais calminho. toca o townes van zandt (folk, there you go), o jp dorme, tenho de preparar uma reunião p amanhã com um professor, espero que me ajude. almoçámos colesterol mau num diner e passeámos em times square, que tem muita mas muita pinta. o frio chegou com força, céu super azul, luz branca, filipa de casacão invernoso e óculos escuros. foi um dia calminho e bom. daqueles que ainda não tinha havido desde que cheguei.
e amanhã recomeça: filmes para ver, artigos para ler, capítulos para estruturar, escrita para começar. custa sempre descolar.

Tuesday, October 14, 2008

o sol está a pôr-se algures para oeste e nem há muitas nuvens no céu, mas as que lá estão apanham ainda alguma luz que, batendo nelas, torna-as pink, que é a minha côr. portanto, há nuvens espraiadas, se espraiadas se disser, com um ar light quase-feliz. as luzes dos prédios já se vão acendendo, o empire state building já acendeu algumas. escrevo assim p quando cá não estiver saber exactamente o que via, o que equivale a dizer, no meu caso, tentar exprimir o que sinto ao ver o que vejo. as árvores de washigton square park estão quase todas verdes, mas há já pontas amarelas e uma árvore, uma inteirinha, já vermelha. não levei a máquina lá abaixo quando fomos comprar o lanche e, por isso, está guardadinha na memória a imagem da primeira árvore vermelha deste ano.
hoje almoçámos num restaurante etíope de que eu já gostava muito. o jp é companheirão nestas coisas também, é muita fixe. sem talheres, panquecas finíssimas e boas com um best of de molhos vegetarianos por cima + um bocadinho de borrego que ele pediu. de cada vez que me delicio com a comezaina penso no mec e no em portugal não se come mal, o último livro dele. li só 2 páginas e diz que os portugueses só falam de doenças e de comida. aquele gordo deve saber. tenho me sentido muito portuguesa nos últimos dias. e por isso sabe-me muito bem perceber que o céu está pink e a árvore vermelha e sentir um imenso prazer com a comida de um país de que eu não sei nada e que só posso provar porque estou aqui e pensar que a vida é feita das nossas pessoas e a arte é saber passear por entre elas ao nível das árvores verdes amarelas ou vermelhas e debaixo do céu azul branco cinzento ou, com sorte, PINK.

Monday, October 13, 2008

tive uma gripe que me deixou em casa uns diazinhos. sou friorenta e o passeio no central park apanhou o cair da tarde e estávamos lá no meio do meio e o frio chegou, com a humidade toda. mas mini-gostei da sensação. esse sábado foi bom, though. fomos finalmente ver o padrinho II e antes comemos num noodle place um sopinha bem boa, tão picante que me aqueceu assim bué. pensei num jantar na casa da sandy com a leote em que o ricardo entrou connosco num despique do picante. é viciante, foi muita bom. mas no cinema estava já meia fora, espirros, cházinho sempre a bombar. salto para a sexta, dia que já foi vivido totalmente na rua. e que incluiu uma ida ao new york film festival para ver o senhor martin scorcese apresentar um filme com a ava gardner e com o jamens mason, o pandora an the flying dutchman saidinho de um restauro impressionante. há muitas mulhers lindas nos movies, mas a ava gardner sempre esteve num patamar assim só dela e no topo maior, nem sei bem explicar porquê. as outras bombocas são lindas mas sei pq gosto delas, reconheço forças e fragilidades, conheço alguma coisa delas que se topam mesmo pelo modo como representam. a gardner não, é assim uma rocha linda de morrer, que parece sempre poderosa e que esconde tão bem o que lá vai por dentro. portanto, ver o scorcese a apresentar uma cena com a ava gardner é um sonho.
é que quase que fotografei o ecran...

Sunday, October 5, 2008

Rock In Ria



O Algarve tem destas coisas... Fomos para lá para aproveitar o fim de semana, trabalhar um pouquinho, ver a vista e tocar um pouco de guitarra sem ter medo de incomodar os vizinhos.

Acabámos por fazer dois dias de praia, com direito a banhos, imperiais na esplanada, conquilhas ao jantar, flamingos na ria... e este pôr-do-sol...






Friday, October 3, 2008

também aqui arrefeceu.
hoje o dia amanhaceu com o céu cinzento e dentro da caminha a temperatura era perfeita. sempre tive uma relação muito afectiva com a cama, com todas, aliás. hoje foi um daqueles dias em que fiz as coisas porque tinha de as fazer, ainda não tinha acontecido. passa-se o dia na mesma sala. o ar está pesado. sei também que o frio chegou porque de repente a temperatura dos sítios fechados inverteu e estou a suar, quando sei que daqui a alguns minutos, quando sair, vou sentir as pernas arrepiadas, o que não é muito fixe.
mas o tempo está errático, diz o jp. o céu agora está limpo limpo e daqui vejo o empire state building com luzes azuis e a antena da torre iluminada de branco. os flashes dos turistas vêem-se daqui, de um sofá num cantinho de uma sala 30 ruas abaixo do grande building. mas à tarde o céu pesava.
a esperança é que permaneça assim para finalmente, ao fim de duas semanas, poder ir ao park e perder-me lá dentro. sábado é o dia das panquecas, eheheh. quando era pequena, as manhãs eram boas, é a memória que tenho. lembro-me de estar com a catarina a ver desenhos animados, ou a saltar na cama dos meus pais. há fotografias dos quatro filhos na cama dos meus pais, uma salganhada linda. na verdade, não me lembro de muito, mas tenho umas pinceladas bem presentes de momentos alegres e felizes.
comecei a nadar esta semana, gostei tanto de voltar àquela piscina, mas tinha-me esquecido de como era um gelo lá dentro, nunca suo. penso na piscina da cidade universitária, que tanto me ajuda. o centro desportivo da universitade fica em union square, um graaande espaço, com um jardim que poderia ser fixe se não estivesse em obras há uns anos. há uma feira simpática semanal, onde se podem comprar legumes e fruta biológica. mas aqui biológico não quer dizer que saiba melhor. sou portuguesa e tenho a fasquia alta no que respeita o sabor dos produtos da terra. (é cultural?) o centro desportivo, dizia, é um prédio grande, que integra também dormitários e centros de estudos. na sub-cave fica a piscina, o ginásio, as máquinas e os campos de treino. tudo numa sub-cave, mas em nada nada sombria. há uma loja que vende equipamento, sempre a dizer NYU, e tem um pequeno lounge onde se pode comer e beber e ver a cnn. isto é que é infra-estrutura.
sinto o frio. tenho de recomeçar a escrita.

Tuesday, September 30, 2008

o lado de cá.


hoje nasceu um novo sítio, manhatã.
eu e o joão vamos colocando fotografias daqui. é que eu tenho uma máquina nova e ele tira fotos super jeitosas e gostámos da ideia de fazer uma coisa em conjunto que fosse para nós, mas também para vocês. não tem comentários, é um album. quando eu quiser escrever alguma coisa, escrevo. mas queria dar uma oportunidade à imagem, ser um bocado criativa nesses termos. ont verra.
aqui fica o park, na máquina antiga, que a minha mãezinha me deu. é a primeira foto do outro blog, uma ponte bonita, a passagem para o lado de lá.

como não há televisão nem net em casa, a biblioteca onde leio ganha um outro estatuto, ainda mais pessoal, urgente e especial. reconheço algumas caras e imagino-lhes histórias. hoje, o meu itunes captou o itunes de uma moça e estive a ouvir a música dela. o que é uma variação estranha da ideia de intimidade. acho fixe que espreitem e consultem as minhas músicas, mas é um tudo-nada invasivo. sou uma miúda do século XXI e isso vem com o pacote, novas noções de privacidade e assim.
isto é um micro-cosmos, um mundinho e estou a habitá-lo temporariamente. como aquilo que faço é uma actividade solitária, sinto o tempo a passar de uma maneira muuuito subjectiva e isso acaba por moldar o meu dia de formas imprevisíveis. o joão diz que eu vivo o momento. mas, dizia eu, inevitavelmente acaba por se criar um laço qualquer ao espaço e às pessoas que o vão ocupando, mais ou menos. acho piada que o som que o mac faz quando é ligado se ouça com frequência, o computador a acordar. gosto de todos os sons que relembram que a vida está lá fora.
mas do que gosto tanto tanto é ter aprendido a sacar séries televisivas para ver em casa.
há metafísica bastante em não pensar em nada
e também alguma poesia no grande vuze, o tal programa que permite sacar o que for. ontem vi o irmãos e irmãs, hoje a anatomia de grey (mas acho que vou desistir desta série). saquei o the lives and times of tim, uma coisa que estreou há mto pouco tempo. tentei baixar o tropic thunder mas não deu. agora, o true blood, só ver o que é, que ando pouco virada para ficções cínicas. enfim, um mundo todo novo e vivo que eu tinha conseguido evitar mas que, agora, numa biblioteca de que tanto gosto, me foi dado a conhecer.
daqui a pouco, saio, apanho o moço, vamos para casa, talvez para para comer indiano e seguir para o lar.
e faz-se assim uma rotina em nova iorque.

Monday, September 29, 2008

nas ruas de manhattan



tudo é bonito em chinatown




Friday, September 26, 2008

o mundo dos livros sempre me preencheu, não só o que eles contêm, mas também o objecto a que eles correspondem. numa sala com livros gosto de estar. por entre os meus pessoais heróis da escrita, está a jane austen, que continua a deixar-me completa. uma vez, em casa da sofia e do luís, há uns anos, vi com a lia, no biography channel, um documentário sobre a vida da austen. gostei imenso, sobretudo porque mostravam como os livros dela resistem ao tempo e ao espaço e que ainda hoje conseguem ser subversivos. mostravam como, utilizando o grande darcy, ela criou heróis bigger than life e maiores do que os livros. para isso, entrevistaram um série de gente - mulheres - em vários países, de inglaterra ao irão, onde o orgulho e preconceito era lido às escondidas, em grupos de leitura underground e deliciavam aquelas jovens iranianas bonitas. todas falavam do darcy e da lizzie como heróis, ele porque aprendeu a ver a razão e é perfeito, ela porque lutava tanto num mundo ao qual sentia que estava de fora, e venceu.
aqui há umas semanas, um amigo iraniano da minha família falou-me de um livro que está no top ten do new york times há dois anos e que, se eu quisesse ter uma imagem menos simplista da vida de jovens iranianas, deveria lê-lo. tinha-lhe falado do persepolis, que adorei. ele arrumou-me com um para os ocidentais aquilo é o suficiente, mas tenta ir mais longe.
bom, comprei o livro e ainda não cheguei a metade. chama-se "reading lolita in tehran", e foi escrito por uma professora chamada azar nafisi. (Nunca li o nabokov, mas vi o filme. tem uma viagem de carro que dura dois anos...) esta senhora despediu-se de uma universidade importante em teerão, onde dava aulas de literatura, e decidiu criar um clube de leitura só com raparigas, naturalmente. reuniam-se na casa dela às quintas de manhã, fizeram-no durante anos. de três em três páginas, comovo-mo. o grupo era formado por boas alunas dela, 12, que liam clássicos ocidentais e discutiam-nos nessas horas partilhadas. no livro, ela fala da partilha. e usa as personagens dos livros que foram discutindo para pensar sobre as vidas delas enquanto mulheres emprisionadas num regime fascista e altamente violento.
o últimos dos quatro ou cinco capítulos fala da jane austen, e do darcy.
acredito tanto que a iraniana do documentário seja a escritora do livro. tanto!
isto tudo comove-me, eu que estou longe de casa mas mais perto de outras referências brutais. a ideia do livro é magnífica, o facto de ter sido verdade deixa-me sem palavras e estar a lê-lo relembra-me da santa sorte que sempre tive.
no farenheit 451, do truffaut, os humanos decoram livros que amam. cada um é um livro. e moram longe da cidade grande, uma distopia regulada por um estado que manda queimar tudo o que possa levar a pessoa a querer rebeliar-se (?). é o momento mais bonito do cinema, se um só houvesse. o livro da nafisi é uma variação dessas pessoas que amam os livros e que os decoram para os salvar. os livros salvaram bastantes horas das vidas daquelas mulheres.

mal posso esperar para chegar ao capítulo da austen.

Tuesday, September 23, 2008

estou a ver o blog num pc da biblioteca e o post anterior aparece desformatado: my pardon. o boy chegou e andamos a pisar as nuvens. tem alguma piada ver as reaccoes das diferentes pessoas a cidade grande. fico meia babada quando me perguntam coisas sobre o espaco, como se o conhecesse mesmo bem. (eu tento nao quebrar e atiro qualquer coisa para o ar.) mas a cidade ainda me surpreende, ca dentro ainda me surpreende. desta vez estou mais dentro da minha cabeca do que ha dois anos atras, sei ao que venho, muda tudo. gosto do anonimato, sempre gostei de mergulhar e deixar o meu corpo obedecer ao movimento das aguas. aqui, e um bocado isso que acontece. ha muita coisa a fervilhar e ter o controlo de tudo e impossivel, esta e uma cidade a que nao se pode oferecer resistencia, pode-se sim disfarcar mais, ou menos.
uma coisa um bocado estupida e o modo como o fazer compras parece ajudar a que a pessoa sinta que pertence realmente ao espaco. ha muitos turistas muito fascinados, ha muitos habitantes mais ou menos integrados e eu estou no meio. e sinto mesmo que no acto do shopping ha ali uma homogeneizacaozinha (?) que me coloca no mesmo patamar dos outros. senti isso da outra vez, senti com as minhas sistas e primos e sinto agora, hoje. e meio embaracante, mas e a verdade. e aqui ha mercado de tudo porque ha gosto para tudo. na comida na roupa na musica no cinema nos estudos, p'ra tudo.
ja senti uma saudadezinha dos meus sobrinhos, a minha sobrinha madalena (2 anos) tem uma professora chamada linda e, qd lhe perguntam, responde que se chama bonita. os meus sobrinhos sao tres criancas que me conquistaram como nao pensei que fosse possivel.( a sofia sousa ja me tinha dito isso sobre os sobrinhos, que e um amor muito estranho de tao forte porque n sao nossos filhos mas damos tudo por eles assim, sem pensar.) eu gosto muito que os babies, qd me veem, gostem de estar sentados ao pe de mim. na vespera da minha partida, fui estar com eles um bocadinho, em casa da minha mae. e durante uns minutos, no sofa, o afonso estava ao meu lado, o diogo ao colo e a madinha meio na outra perna. eles estao a crescer, e eu tambem (sobretudo para os lados ihihihi), mas e de facto uma sensacao, uma emocao e um prazer unicos saber que lhes sabe bem estarem coladitos aqui a tia. nao ha muita coisa muito melhor do que isso.

Sunday, September 21, 2008


1.ontem, sábado, um circo gay e lésbico assentou arraiais à frente da biblioteca. eu detesto o circo e por isso apanhei apenas uns minutos da preparação dos artistas. mais fixe que a banda, equilibrista e palhaços, eram estas duas moças lindas, vistas de trás (não as vi de frente). o cabelão e as cores dos fatos de treino conquistaram-me na hora.















2.a preparação da banda. fizeram uma chinfineira durante 2 hrs, mas tinham graça.







3.à saída do MOMA, onde fui apenas comprar postais para tornar o ap onde estou mais humanizado, vi esta maravilha da automobilidade (em inglês, a palavra existe). num sítio onde as linhas são todas rectas e os ângulos de 90 graus, o céu parece mais longe, não há muito espaço para o caos.
encontrei o caos nas linhas desta grande carrinha. achei mesmo bonito.



4.estas amigas fizeram o meu dia. são enormes, bem maiores que o povo. gosto deste ângulo porque a kitty parece mesmo estar a tentar perceber por que é que a outra verte. mas a kitty também vertia. umas fontes com pinta. pinta kitsch, mas pinta.








5.a rua está lá e é de todos, para todos. qualquer um anda nela e vislumbra o que conseguir vislumbrar. a rua é louca e linda. mas os espaços interiores não ficam atrás. é que eu sou da música, também. aqui há as mais bonitas lojas de discos. pequeninas (por oposição à virgin ou outras do género) mas com mais soul do que todas essas juntas. dá para lá passar horas. os meus olhos continuam a brilhar cada vez que entro em sítios assim, espaços sagrados é o que são.

Friday, September 19, 2008


















hoje, ficou frio. sinto-me a pessoa mais friorenta do mundo, eu que não era. os magotes de povo que anda constantemente e cheios de motivação e empenho de um lado para o outro ainda está de havaianas, e t-shirt. ainda fico mais gelada. se eu mandasse no mundo, agasalharia-os bem agasalhadinhos. aluz é tão forte mas já mais branca que amarela, if you know what I mean.
washigton square park fica à frente da biblioteca que me acolhe. sempre que saio para comer, e andar um pouquinho, vou lá para sentir a força do sol na pele. descobri um sítio simpático around the corner que faz lembrar os cafés de berkeley, wireless à pala (claro, com o meu computer a coisa não funcionou...), música cool alta, montes de povo estudante e tudo de esquerda. bué mensagens eco, sandes a tender para o italiano e, o ponto de honra deles, expresso (ékspréssooouu). aquilo a que a gente chama café. toda a gente com o seu laptop a beber café e a rir e a trabalhar.
hoje bebi o expresso com o sol na cara, em washington square park.
quando vou comer, também passeio. esta foto foi tirada durante o passeio de anteontem. não dá para ver bem mas estes amigos estão a jogar aquela coisa que é ténis sem raquete, contra uma parede. têm luvas, especiais, sem dedos e dão uma pancada seca e forte na bola. jogavam a 4, os 4 contra a parede. têm uma força brutal! a zona é o limite de greenwich village. ali, o povo tem uma pinta mais de "povo". não são estudantes, nem freaks, nem cools armados ao pingarelho. são o que são, como diria o jp. ao pé dos 4 super blacks do jogo, eu sentia-me quase a bola. eram enormes.
aqui, sou pequenina. só deixo de me sentir pequeninha quando trabalho. é esquisito.

Wednesday, September 17, 2008

http://spoilerbuzz.com/wp-content/uploads/2006/12/crossingjordancast.jpg

a caminho do film forum, vi uma estrela. pequenina e tal, mas uma estrela.
a patologista estava a comer uma pizza numa esplanada em greenwich village e é toda giraça ao vivo, menos nojenta e tudo. a série é terrível mas acompanha-me muito. muitas vezes almocei eu este ano enquanto ela dissecava o corpo de alguém e analisava a nhanha num super computador e, com isso, ela ,que é muita boazinha, tentava trazer justiça a este mundo cruel. ganda cena.

http://imagecache2.allposters.com/images/pic/SCR/30526~The-Godfather-Posters.jpg
os dois primeiros padrinhos foram restaurados e o film forum, um cinema de arte tão cool tão cool que os empregados até são arrogantes, está a passá-los. ontem fui ver o primeiro padrinho. ainda fico chocada com as pessoas neste género de salas que comem pipocas e bebem sumos meio inacreditáveis enquanto vêem filmes mais ou menos intelectuais. bom, perante uma filmaça, também eu vacilo.
mas, então, vi o padrinho num ecrã grande, nunca tinha visto!! as luzes apagam-se todas, não se ouve um pio, chegam as primeiras notas da música do filme, supergraves, bem pesadas e o ecrã a negro. na plateia, um tipo grita um yeahhhhhh!!! e começa a bater as palmas e mais algumas pessoas juntam-se, e eu a rir da cena tão bonita. umas 100 pessoas felizes que até batem palmas por ir ver o padrinho. e lá vi. os americanos riem-se de coisas de que a gente não se riria, acho. o que de alguma forma ajuda a desconstruir o filme. e, se ele resiste, é bom. é tão lindo.
é tudo lindo, o filme não tem explicação, já o vi bastantes vezes e vê-lo aqui e num cinema é um bocado intenso. passa-se muito em ny, as caras são iguais às das pessoas daqui - mas sempre menos assustadoras que as do the wire. havia silêncio muito forte na morte do sunny e um medo ainda maior e sempre em crescendo pelo michael, o grande al. a pessoa fica com vontade de se benzer. e pensar que foi feito por um miúdo a quem o estúdio deu um porradão de dinheiro, um miúdo que tinha feito muito poucas coisas, nada de lucrativo. uma pessoa reconheceu-lhe valor e, por ser italiano, as outras aceitaram. está lá a família toda dele, tem um estrutura impecável, actores brutais, é uma sinfonia gigante conduzida por um jovem mestre. tudo a mexer com as minhas tendências e paixões cinemáticas.
quando o filme acabou, já eu tinha vibrado imenso com a cena do cavalo, reconhecido o johnny guitar, me babado com tanta comida italiana, colocado de novo do lado da família assassina impiedosa, não resisti. a maneira de estar dos americanos no cinema não parece ter mudado muito desde o tempo do cinematógrafo, comem e bebem na sala, são super expressivos, batem palmas e tudo. e, ali, enfiada num lugar absurdamente pequeno, no meio de uma sala na esquina da houston com a 6ª av, eu fui americana. porque bati palmas com eles.

Monday, September 15, 2008

são 8 e 12 da noite,
estou no 8º andar na bobst que é a biblioteca da nyu. hoje foi o meu primeiro dia sozinha por cá. é um rerun, sem ser. agora estou apaixonada em nova iorque, e feliz. as coisas mudaram em 2 anos, agora as redes wireless têm todas passwords e assim não posso roubar net. o que quer dizer que não tenho net em casa. nem net, nem tv. isoladita em nova iorque.
como trago muito mais trabalho do que da outra vez e a cabeça com uma arrumação diferente, é uma outra nova iorque aquela em que aterro. mas mesmo assim estou na adaptação ao ritmo frenético deste povo. o sotaque nova-iorquino é mesmo irritante, as pessoas falam a uma velocidade louca e eu devo parecer pató, a precisar constantemente daquele segundo essencial entre o que eles dizem e a compreensão disso mesmo.
já mini-hiperventilei com a quantidade de livros para ler e acabo de entrar no maravilhoso mundo do endnote, o programa das bibliografias. vi o meu homem pelo skype e vejo o empire state building e o chrysler da janela. vou sair, apanhar a linha 6 para uptown e sair na 28 com park avenue. chego a casa, descalço as sandálias (que estou a estrear e, por isso, os meus pés ardem em 4 sítios diferentes!!!), e ponho música. sinto a solidão um bocado perto demais dos ossos e vou tendo calminha. vou fazer massa com tomate, que é o meu prato preferido do mundo todo. esta manhã ouvi a cássia eller, que dá força fixe porque a tem, e tem também muita pinta.
quero dizer tanto mas não cabe aqui, nem consigo esvaziar-me assim para o teclado.
isto é um privlégio e tenho de me portar à altura. se rezasse, se acreditasse, agradecia a alguém.
pelo sim, pelo não, vou olhando para o céu a sorrir.

Sunday, September 14, 2008

Tina Fey as Sarah Palin

Tuesday, September 2, 2008

courgettes e amêndoas

O blog anda um pouco paradinho, portanto resolvi partilhar uma outra receita. De todas as receitas que tenho aqui deixado esta é talvez a mais brilhante pela sua simplicidade e originalidade. Daquelas receitas em que ficamos a pensar "mas como é que isto pode funcionar tão bem" e "como é que vivi a minha vida toda sem saber este truque".

Anyway, a receita é de um acompanhamento de courgettes e amêndoas em lascas. Não é preciso mais nada, não é minimamente elaborado, mas é uma delícia. Normalmente faço-a no contexto da minha "refeição em 10 minutos", porque é exactamente esse o tempo que demora a preparar tudo (obviamente).


Ingredientes (duas pessoas): 2 hambúrguer vegetariano (eu sei que aqui estou a aldrabar porque já estão preparados, mas não faz mal ;), azeite, amêndoas em lascas, duas courgettes pequenas, sal e pimenta.

1) Tirar o hambúrguer (congelado ou refrigerado) da embalagem e cozinhá-lo numa frigideira sem óleos, por aproximadamente 3 minutos de cada lado. O hambúrguer da foto é de quinoa e tomate (muito bom) e foi comprado na Biocoop, mas os hambúrguer vegetarianos que vendem no Pingo Doce também são bons.

2) Enquanto o hambúrguer cozinha, cortar as courgettes em fatias, e colocá-las na vertical em duas ou três torres.


3) Com uns 4 golpes de faca cortar a courgette ao alto para fazer palitos de courgette.


4)Depois é só esperar que o hambúrguer esteja pronto. Aproveitar o tempo que falta para o para arrumar a cozinha :)

5) Quando o hambúrguer estiver pronto, tirá-lo da frigideira e colocá-lo num prato. Pôr um pouco de azeite na mesma frigideira e deitar uma mão cheia de amêndoas em lascas. Ir mexendo com uma colher de pau, durante, aproximadamente 1 minuto, até que as amêndoas fiquem douradinhas. (NOTA: quando estamos a fazer o hambúrguer a frigideira tende a ficar muito quente, até porque não tem qualquer tipo de óleo. Portanto é melhor baixar o lume antes de se colocar o azeite na frigideira porque se não as amêndoas ficam demasiado queimadas.)

6) Quando as amêndoas estiverem tostadas deitar as courgettes para dentro da frigideira. Mexer bem durante 1 minuto, 1 minuto e meio, não mais. A ideia é as courgettes ficarem quentes mas não demasiado cozinhadas.

7) Desligar o fogo, e temperar com sal e pimenta. Colocar no prato junto ao hambúrguer.


Voilá, não podia ser mais simples e saboroso. Desde que se tenham amêndoas em lascas em casa pode ser feito em qualquer altura. Bom apetite.

Sunday, August 24, 2008

Urban Gardens V







Apartamento de Kim Hastreier, editora da revista Paper Magazine. Mais fotos da casa aqui, num site que vale a pena espreitar porque tem as casas mais fixes e loucas.

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