Monday, June 30, 2008

Bulgur com tomate seco

Mais uma salada, mais um novo cereal. Este é uma delícia e igualmente fácil de fazer. A receita em si ficou muito boa e por uma vez fiquei orgulhosa porque fui eu que a inventei e achei que os sabores todos (eu ponho sempre demasiados ingredientes nas saladas) funcionavam muito bem.

O bulgur é um tipo de cereal e a preparação é similar à do Couscous. Não vou dou dar instruções porque já percebi que é vendido em diferentes tamanhos (tipo grão mais pequenos ou mais grosso) e o tipo de cozedura varia. Mas em geral é rápido e fácil.


(carregar na foto para ver maior)

Ingredientes:

Dois copos de Bulgur (vende-se nas lojas de produtos naturais, tipo Celeiro.)
um cubo de caldo de vegetais biológico
uns dez tomates secos
um alho francês (ou opcionalmente uma cebola pequena)
alcaparras
lascas de amêndoa
a raspa de uma laranja
cominhos
pimenta
azeite
mangericão

Cozinhar o bulgur segundo as instruções. Acrescentar sal e o cubo de caldo de vegetais à água da cozedura do bulgur.
Enquanto o bulgur fica pronto (não deverá levar mais do que 20 minutos), saltear o alho francês cortado em azeite numa frigideira. Salgar. Colocar numa taça.
Cortar o tomate seco em pedaços e colocar na taça.
Passar as alcaparras (a quantidade depende do gosto, eu não uso muito) por água e colocá-las na taça.
Entretanto tostar as amêndoas em lascas numa frigideira sem nada.
Quando o bulgur estiver cozinhado, escorrer a água se necessário e juntá-lo à taça (ainda quente).
Juntar azeite, a raspa de uma laranja, pimenta e cominhos (em pó, ou então desfazer umas sementes) e mexer. Provar e ajustar o tempero a gosto.
Juntar as amêndoas tostadas.
Picar mangericão e/ou outras ervas e juntar.

Voilá. Muito muito fácil e muito bom. A laranja e os cominhos dão-lhe um sabor aromático e quente sem pesar demasiado. Pode-se comer frio também.

viva as horas raras

E ainda não é suficiente ter recordações. É preciso poder esquecê-las, quando são em grande número, e é preciso ter a infinita paciência de esperar que regressem. Porque as recordações não são ainda o que é preciso. Primeiro, é preciso que se confundam com o nosso sangue, com o nosso olhar, com o nosso gesto, é preciso que percam os seus nomes e que não mais possam distinguir-se de nós próprios; pode então suceder que no curso de uma hora raríssima, a primeira palavra de um verso surja no meio delas e imane de entre elas.

in "aberto" de rilke, não sei mais...

Sunday, June 29, 2008

Prints

Mais um print que eu gostava de ter. Para fazer companhia a este outro, da mesma artista, que comprei no Natal para oferecer, mas que acabou por ficar em cá em casa. Este último chama-se "cacti . birds eye view" e compra-se aqui.

Tuesday, June 24, 2008

eu se pudesse enfiava-me dentro de um padrão com flores. estar de manga curta é bom e assim sozinha apetece mais estar viva só nas horas tardias, a pôr em prática coisinhas pequeninas com suavidade e o tempo estendido. os padrões com flores parecem esse tempo a estender-se. hoje nadar soube tão bem. até fechei os olhos por momentos para sentir só sentir o meu corpo todo a deslizar com a água a suportar tudo tudo tudo. é tão fixe ver os cabelos à solta debaixo da água.

mando-me toda para dentro da água, para o meio das flores de pano e entro neste texto perfeito da clarice:

Avançando, ela sobre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e com altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheia de água, bebe em goles grandes, bons.

E era isso o que estava lhe faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe com o sal, os olhos avermelham-se pelo sal secado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto.

Mergulha de novo, de novo bebe mais água, agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: está cada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe o que quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Não precisa de comunicação.

Depois caminha dentro da água de volta à praia. Não está caminhando sobre as águas- ah, nunca faria isso depois que há milênios já andaram sobre as águas- mas ninguém lhe tira isso: caminhar dentro das águas. Às vezes o mar lhe impõe resistência puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera.

E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água , e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de náufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.

Clarice Lispector. In: Felicidade Clandestina: José Olympio, 1975

não ando nada inspirada, mesmo sabendo que a inspiração vem do trabalho mais ou menos forçado. o tempo está óptimo, a minha casa ajuda, tem boa luz. está tudo montado ao meu gosto. todas as frases são postas em causa, o sentido total das páginas também e pensar no sentido mais-que-total que todas elas reunidas terão de ter dá assim uma faltinha de ar lixadinha. respira-se fundo, força-se a viver o momento, a página, a frase. lixado é também saber que os contornos de tudo aquilo são tão pessoais, sendo que o pessoal é meio caótico, intuitivo e romanticizado. enfim, que se lixe. vou nadar.

Friday, June 20, 2008

pus ali uma listinha simpática dos sítios que visito regularmente ligados ao cinema. é fixe para quem gosta, dá-me uma jeitaça. são referências muito boas...

a jussy baza para o sul e deixa-me aqui, boa boca, com propostas lindas apetitosas. é bem. mesmo que os meus dedos sapuditos não consigam produzir coisas tão fixes, vou tentar. estas temperaturas não dão para outra coisa.

Thursday, June 19, 2008

A caminho da Ria...

OK, agora que transformei momentaneamente este blog num food blog (não levem a mal, a comida é actualmente o meu único escape) já posso ir de férias descansada. Uma semaninha de praia, Ria e sapal (o verdadeiro, não o blog)... muito bom.


A receita mais bonita que eu já fiz...



Vou deixar aqui esta receita, apesar de não ter gostado imensamente dos resultados, só porque a cor deste risotto é absolutamente incrível. Vale a pena experimentar só por isso.

Risotto de rabanetes

O que fiz foi cortar os rabanetes em pedaços pequenos, cortar a rama dos rabanetes em pedaços pequenos. Refoguei uma cebola numa panela com azeite, juntei uma caneca de arroz canarolli (agora até se vende no Pingo Doce), deixei saltear um pouco e juntei um pouco de vinho branco. Quando o vinho evaporou juntei um pouco de água a ferver e os rabanetes. Juntei sal. Fui mexendo, juntando mais água quando necessário. Passado uns minutos juntei a rama verde dos rabanetes à panela. Fui mexendo até o arroz estar cozido. Desliguei o fogão, e juntei manteira, misturei bem e juntei um pouco de parmesão, misturei bem. O resultado é absolutamente lindo. Não vos consigo descrever a cor-de-rosa choque do risotto enquanto cozinhava. A versão final ficou assim:




Infelizmente achei o sabor final demasiado pesado. O rabanete tem uma sabor meio doce, meio a terra que não me satisfez, apesar de o ter comido, não estava mau. Tinha-me inspirado nesta receita aqui originalmente. Creio que o problema é os rabanetes que vendem cá são muito muito vermelhos e com um sabor a terra muito forte, talvez tenha sido isso. Se algum dia encontrar uns rabanetes mas clarinhos volto a tentar.

Caldinho de feijão meets pasta e fagioli

O que cozinhar quando no frigo não há um único produto fresco e uma ida ao supermercado parece algo demasiado complexo? Foi o que me aconteceu há umas semana a trás quando vim da suiça. Na despensa algumas latas, muita massa e pouco mais. Ao fim de algum minutos de reflexão e uma pesquisa na net resolvi experimentar fazer uma massa à italiana com feijão preto brasileiro. Ficou uma delícia. Forte, um pouco invernal, mas totalmente "confort food".


Ingredientes:

Uma lata pequena de feijão preto
Meia lata de tomate cortado em pedaços
massa de tamanho pequeno
uma cebola
um cubo de caldo de legumes biológico
um piripiri
azeite
alecrim e/ou salsa

Picar a cebola e salteá-la em azeite numa panela de tamanho médio. Juntar a lata de feijão, juntar três copos de água e levantar fervura. Juntar o cubo de caldo.
Passado uns minutos, retirar uma concha de feijão da panela (por volta de 1/3 do feijão total). Passar com a varinha mágica o feijão que ficou na panela com o líquido. Voltar a juntar o feijão ainda inteiro à panela.
Juntar meia lata de tomate em pedaços.
Temperar com sal e um piripiri desfeito.
Para uma versão mais toscana juntar uns pouco de alecrim seco (confesso que gosto muito)
Deixar cozinhar uns minutos.
Juntar a massa. A ideia é ser uma massa pequena. Eu neste caso usei uns mini-fusilli com ovo e ficou muito bem. Tradicionalmente em Itália usam este tipo de massa para receitas com feijão.
Acrescentar mais água se necessário. A ideia é que a massa coza no molho de feijão, o molho portanto não deve ser demasiado grosso, mas também não deve ser demasiado líquido. O objectivo não é fazer uma sopa, mas sim uma massa com um molho cremoso.
Quando a massa estiver pronta desligar, e esperar uns minutos para que o molho se adense um pouco. Juntar salsa picadinha por cima (versão mais brasileira).

Esta técnica de passar parte dos feijões e cozer a massa no molho pode ser obviamente usada com outro tipo de feijões e leguminosas.

Dejeuner sur l'Herbe


Picknick aqui no Parque Gomes Ferreira em Alvalade. Temperatura perfeita. A zona das mesas tinha sido ocupada por um enorme grupo que espalhava música africana por todo o parque.


No tupperware uma das minha saladas de Verão. Tenho andado a experimentar um pouco com diferentes tipos de cereais. Eu adoro saladas, mas é um facto que se não lhes dou um pouco mais de consistência fico cheia de fome duas horas depois. Esta é uma salada de farro (Espelta em português) na versão brócolos e anchovas (ideia importada directamente de uma receita de massa.



Ingredientes:

dois copos de farro
uma cabeça pequena de Bróculos
tomates cereja
uma lata de anchovas
meia lima
azeite
salsa e/ou mangericão
uma cebola vermelha pequena
(um alho francês)

Cozer o farro. O farro (e desculpem-me se uso o nome italiano, mas acho muito mais lindo) é extremamente fácil de cozinhar. Eu só experimentei a versão "farro perlato" que coze mais rapidamente e que em 20/25 minutos está pronto. É só por numa panela com água com sal e ir verificando até ter uma consistência agradável. Escorrer. O farro não se encontra nos supermercados normais, mas em gourmês, ou em lojas de produtos naturais é fácil de encontrar. Tem a vantagem de se manter imensamente bem no frigorífico por vários dias (ao contrário do que acontece com as saladas de massa que ficam sempre esquisitas).
Enquanto o farro coze saltear numa frigideira o alho francês cortado em tirinhas (isto é opcional, mas na foto está uma versão que fiz assim e por isso aqui fica a indicação). Colocar numa taça.
Cortar os brócolos em pedaços tendo em atenção em não deitar fora os talos. Eu sou absolutamente viciada em talos de brócolos, ao ponto de os conseguir comer crus. Entristece-me saber que há quem deite esta parte dos brócolos fora. Saltear os brócolos numa frigideira com um pouco de azeite durante uns minutos. Estou absolutamente convencida que os brócolos foram inventados para serem salteados e serem comidos assim ainda meio durinhos, mas quem preferir pode cozer-los. Ao fim de uns minutos juntar as anchovas cortadas em pedaços aos brócolos, para esta receita usei meia lata. Juntar sal, mas ter atenção que as anchovas já são muito salgadas. Colocar na mesma taça.
Cortar os tomatinhos em metades ou quartos e juntar à taça.
Cortar a cebola vermelha em fatias muito fininhas (eu usei metade de uma cebola) e colocar na taça. A cebola vermelha é a única que eu tolero crua na salada porque tem um sabor menos forte, mas é claro que se podem usar outros tipos de cebola.
Escorrer o farro e passá-lo por água fria. Colocá-lo na taça.
Preparar uma vinagrette com azeite, sumo de meia lima e pimenta e juntar ao farro. Provar e ajustar os temperos se necessário.
Picar a salsa e/ou o mangericão e juntar ao preparado.

Pesto de Agrião e Tomate seco

Ultimamente tenho tentado fazer uns pestos aqui em casa (de bróculos, de citrinos, de coentros). A regra é simples: uma verdura, azeite, alho, queijo parmesão e frutos secos. As possibilidade são ilimitadas.

Confesso que as minhas experiências não têm saído sempre bem, por vezes ficando a saber demasiado a alho. De qualquer maneira esta versão de pesto foi a que ficou melhor, uma delícia mesmo. E tem a vantagem de ser feita com agrião, que é sempre vendido naqueles pacotes enorme que nós nunca sabemos bem como acabar.


Ingredientes:

Um molho de agrião (sem os talos mais duros)
uma mão cheia de amêndoas descascadas
um dente de alho pequenino
4 ou cinco tomates secos (eu usei tomates secos em óleo)
um pouco de parmesão (eu usei pouco porque não gosto muito)
Azeite do bom.

Coloca-se tudo no liquidificador até ficar um creme ainda com uma ligeira consistência. Junta-se mais azeite se necessário.
Mantém-se muito bem no frigorífico.

Como vêem pela foto o pesto ficou ainda bem verdinho, mas creio que deve ser bom também numa versão mais avermelhada com mais tomate seco.

Wednesday, June 18, 2008

In my spare time...

... Eu acompanho os jogos do Europeu no site do Guardian e vejo as entrevistas do Craig Ferguson* no YouTube.




(part 2)

Aqui, um user que actualiza as suas entrevistas mais recentes.

* O Craig Ferguson é o apresentador escocês do programa Late Late Show na CBS. Trata-se de um programa um pouco mais pobrezinho do que outros, sem banda nem nada. É emitido à mesma hora do que o programa do Conan O'Brian. O senhor tem piada, mas é sobretudo muito simpático e à vontade e eu acho que as suas entrevistas são as melhores.

Friday, June 13, 2008

Esparguete thai de courgette e cenoura.

Isto faz-me tão feliz... Vocês nem imaginam. No outro dia passeava por um blog e deparei-me com um post onde uma senhora contava que volta e meia comia esparguete de courgette. Atenção, não é esparguete com courgettes, é courgette cortada em juliana a fazer a vez do esparguete. Para mim isso não podia fazer mais sentido, cada vez gosto mais de comer vegetais crus ou quase quase crus, e a cougette é um daqueles vegetais que passou a fazer parte constante das minhas saladas. Anyway, no dito post a senhora explicava que conseguía fazer as tiras de courgette com um acessório que não é mais do que uma espécie de um descascador de vegetais com umas lâminas perpendiculares. Infelizmente não foi capaz de lhe dar um nome e eu passei demasiado tempo a tentar teimosamente perceber onde raios é que se poderia arranjar uma coisa daquelas. Por fim lá descobri que em português o dito instrumento se chamaria cortador em Juliana e que, mais importante, a Tupperware vende um que parecia fixe. Portanto, um dia destes fui ao Saldanha Residence de propósito, ao stand da Tupperware e tornei-me na feliz proprietária de um descascador em Juliana :) (10,40€ com 15% de desconto).


Mas afinal o que fazer com ele? Na receita que tinha visto, a senhora fazia esparguete de courgette com molho japonês. Eu sou mais menina de tailandês e portanto fiz esparguette de courgette e cenoura à tailandesa. Fica aqui a receita:


- Uma cougette pequena (o importante é a largura, convém não ser mais larga do que um normal descascador de vegetais.)
- Uma cenoura (esta convém ser grossa, porque é mais dura e difícil de cortar, e há sempre uma parte no meio que não se consegue cortar como deve ser)
- Coentros
- Azeite
- molho de soja
- molho de peixe
- açúcar mascavado
- 1 dente de alho
- meia lima
- sementes de sésamo

Corta-se a courgette e a cenoura em juliana e coloca-se numa taça. À parte mistura-se uma colher e meia de sopa de azeite com uma colher de sopa de molho de soja, uma colher de sopa de molho de peixe, o sumo de meio limão e uma colher de chá de açúcar mascavado. Junta-se também o dente de alho esmigalhado. Mistura-se bem e deita-se em cima das verduras. Pica-se os coentros e deita-se por cima. Mistura-se. Tostam-se ligeiramente as sementes de sésamo numa frigideira quente e coloca-se por cima (na foto está uma versão com amêndoa em lascas, mas sésamo é melhor).


Uma delícia. Pode ser servido como salada, ou comido como prato principal. Neste segundo caso eu costumo comer com um pacote de crackers, porque se não fico com fome demasiado depressa. O molho tailandês é muito fácil de fazer, mesmo para quem não tem o típico molho de peixe tailandês... o truque é lembrar-se que precisa de 1) óleo (azeite ou óleo de girassol, por exemplo), um molho salgado (molho de soja ou molho de peixe), algo doce (mel ou açúcar mascavado), algo ácido (sumo de lima, limão, ou vinagre) e depois, facultativamente, alho, gengibre fresco ralado, malagueta fresca picada ou coentros picados etc... Dá para variar de acordo com os gostos pessoais.

Muito bom. Aqui em baixo está uma outra versão com camarões e molho picante.

Thursday, June 12, 2008

Prints

Se há uma artista cujos "Prints" eu não me importava de coleccionar é a Jean Corace. Agora estão 3 novos à venda aqui, e são todos lindos.



(infelizmente a crise económica internacional não permite tais extravagâncias actualmente;)

Monday, June 9, 2008

A angústia do doutorando perante o aproximar-se da data de entrega...

Thursday, June 5, 2008

A geometria do som

Sound Waves


:) Muito cool.

Sunday, June 1, 2008

eu gosto de fios condutores. é um desafio reconhecê-los.
quando se casou o meu amigo andré, em setembro, reencontrei uma grande amiga, a clara. amiga da escola primária com quem passava bastante tempo. tenho péssima memória, lembro-me mais de sensações e de emoções do que das coisas que lhes deram origem. não me lembro de fazer coisas com a clara, mas sei que a clara estava lá, estava muito lá. eu não a via há cerca de 15, 16 anos. eu adoro reencontros, sou ultra-romântica e gosto de me comover. fiquei histérica quando alguém me chamou na igreja, umas filas atrás. eram uns amigos de liceu, como o andré. e entre eles estava ela, que perguntou: lembras-te de mim? eu fiquei tão contente tão contente por ver aquela cara, mas era um contente meio coxo; não sabia, nem sei, o que esperar assim de uma re-união. a clara era filha dos donos do café onde os meus pais e os amigos dos meus pais iam, dos donos do báltico. naquela noite, falei horas com ela. contou-me a vida dela e eu a minha.
quando as pessoas contam histórias, e ainda mais a sua, contam a sua impressão. a clara falava e eu só pensava: a clara ficou uma gaja fixe, a clara ficou uma gaja fixe! o que até é muito estúpido porque por que raio não seria ela uma gaja fixe? contou-me do que se passou aqueles anos todos e de como foi fazendo as coisas e aí eu já sabia. sabia que sim, havia uma razão para eu lhe ter achado piada na altura e que foi uma sorte incrível poder ter sabido que tinha "crescido bem".
da super-conversa, lembro-me bem de duas coisas. primeiro, tive de lhe contar que os meus pais estavam divorciados, o que foi complicado porque repetiu-me umas 5 vezes que eles eram incríveis, grandes referências para ela, que a minha mãe era o máximo (e é) porque falava connosco como se fôssemos crescidos, de igual para igual, com respeito, e isso realmente não é muito usual. que nós os seis (eu tenho 3 irmãos lindos, lindos de morrer) éramos muito fixes e sempre felizes (e éramos). eu lá lhe disse, depois de ligar ao meu pai e à minha mãe a contar do grande reencontro. disse devagarinho, já um bocadinho grossa para ganhar coragem. disse devagarinho e expliquei que eles ainda eram brutais, os maiores. mas falava sem olhar para ela porque percebi que ia ser forte. e a clara não tem merdas, é rija, já passou por umas coisas e digeriu bem a cena. mas custou-me. quando olhei para ela, chorava. mas limpou a cara e a noite seguiu, assim crescidas e juntas, com gargalhadas.
o outro momento foi muito simples e muito bom. numa dessas gargalhadas, ela diz-me ris-te da mesma maneira, o teu riso não mudou. fiquei tão contente. eu gostei muito de ouvir isso.
enfim, ela mora no porto e hoje voltámos a falar no messenger. não falávamos desde o natal, acho. disse-lhe que quando me acontecia uma coisa boa, pensava que era fixe contar-lhe. e ela disse que também acontecia com ela a mesma coisa. se tudo correr bem, vejo-a quando voltar a queluz, já dentista, daqui a um mês.
a clara é, não é só mas também é, o meu fio condutor mais antigo. depois da família e dos amigos dos meus pais, vem a clara. isto é muito especial.

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