a minha sensibilidade musical ficou congelada nas décadas de 60, 70. eu vivo no mundo de hoje mas ponho no repeat o neil young (da altura) e não percebo bem porque é que as pessoas todas não fazem o mesmo. deliro com as mojos e as uncuts deste mundo. ouço as músicas daquela altura e parecem-me novas ainda hoje. e ainda não parei de ouvi-las porque não se gastam, como é possível? e depois é viver em 2007 e aplicar à realidade uma banda sonora "datada" e sacar da combinação um filme improvável que, como é o meu filme, parece-me o mais normal do mundo mas eu sei que não é.
é por isso que eu amo o wes anderson, um mestre na arte da boa banda sonora, entre outras artes, até porque trabalha desde sempre com um outro mestre da música, o mark mothersbaugh, ex-devo. todas as bandas sonoras do wes anderson são perfeitas, todas todas. basta pensar no seu jorge a fazer versões em brasileiro do ziggy stardust. são pensadas ao lado de alguém mais velho que compreende o novo, e revelam essa coisa linda que é basicamente a regeneração genuína.
a pessoa pode perder-se nessa combinação única (a banda sonora do lula e a baleia roça a mesma mestria, mas é produzido pelo wes anderson...), a pessoa quer. pelo menos, esta pessoa.
hoje, uma amiga mandou-me o alone again or, dos love, tema e banda da minha vida, e que integra a banda sonora do primeiro filme do senhor.
a mesma amiga que delira com o realizador e que me enviou o trailer do novo filme dele. passa-se na índia e o trio maravilha de irmãos (owen wilson, jason schwartzman, adrien brody) fazem uma viagem na índia para se descobrirem e revitalizarem a relação fraterna. o filme chama-se the darjeeling limited. só pelo título e por esta fotografia, o rapaz merece tudo.
ele cria microcosmos muito específicos mas com referentes familiares, fá-los chegar a um ponto nada provável, mas sempre muito confortável e mágico. a banda sonora deste filme é feita a partir das bandas sonoras do gandhi e dos filmes do james ivory.
eu não vi o filme, mas já sou fã. esperemos que não caia de muito alto.
notinha: o joão lisboa diz, a propósito do richard thomspon e do randy newman:
Ser um clássico é assim. Mesmo que, no caso, não se trate de dois clássicos cujos nomes andem propriamente na ponta da língua de toda a gente. O que é ainda uma outra forma de ser clássico, se quiserem, um clássico dos "selected few". Richard Thompson e Randy Newman pertencem indiscutivelmente a essa categoria, a qual lhes autoriza a possibilidade de — quando estão para aí virados, é outro luxo de poucos — gravarem discos que, sem exibirem a ambição de descobrir a roda pela segunda vez, se podem gabar de não descenderem de mais nada nem de mais ninguém que não seja a obra dos seus próprios autores. E que nos obriga a não os comparamos senão com eles mesmos ou com os seus pares da mesma estatura.
talvez seja um esticanço, mas o wes anderson está muito próximo disso. o campeonato é outro, ele tem de crescer, é a coisa de querer fazer a roda. mas ele está próximo.
Wednesday, August 22, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
Categories
Archives
-
▼
2007
(119)
-
▼
August
(29)
- No Country for Old Man
- e se eu nunca conseguir deixar de me passar com o ...
- a casa nova tem um corredor comprido e um pé direi...
- Livraria Cultura
- o stress começa a tender para menos infinito.esta ...
- Ah, se eu fosse uma menina rica...
- talvez andar às voltas com o cohen, ao acordar, nã...
- Ang Lee
- Coisas do mar
- bons dias
- Uma coisa boa de estar na suiça é que tenho aceso ...
- a minha sensibilidade musical ficou congelada nas ...
- Borboletas (2)...
- não estão no estômago mas quando partem fica tudo ...
- A lista
- As montanhas
- eu vou mudar de casa. vou viver com dois amigos do...
- Anyone who believes exponential growth can go on f...
- às vezes no meio de verão fico com saudades das ta...
- o verão facilita tudo, não há nada melhor do que u...
- No Sábado, a 2000 metros de altura...
- tenho duas irmãs e um irmão.a catarina escreve aqu...
- o texto postado em baixo é um mini conto do raduan...
- Aí pelas Três da Tarde ...
- sou de uma família grande, tenho três lindos irmão...
- O Aniversário
- tudo mais calmo. estive no sitio mais bonito no pl...
- O aperitivo
- palavras de naturezas tão diferentes mas que não s...
-
▼
August
(29)
2 comentários:
é da minha cabeça, ou o jason schwartzman nesta foto que aqui publicas faz lembrar o paulo branco em jovem?
Eu pensei que era o Paulo!!
PS: citar o joão Lisboa é muita bom!!!
Post a Comment