Wednesday, August 22, 2007

a minha sensibilidade musical ficou congelada nas décadas de 60, 70. eu vivo no mundo de hoje mas ponho no repeat o neil young (da altura) e não percebo bem porque é que as pessoas todas não fazem o mesmo. deliro com as mojos e as uncuts deste mundo. ouço as músicas daquela altura e parecem-me novas ainda hoje. e ainda não parei de ouvi-las porque não se gastam, como é possível? e depois é viver em 2007 e aplicar à realidade uma banda sonora "datada" e sacar da combinação um filme improvável que, como é o meu filme, parece-me o mais normal do mundo mas eu sei que não é.

é por isso que eu amo o wes anderson, um mestre na arte da boa banda sonora, entre outras artes, até porque trabalha desde sempre com um outro mestre da música, o mark mothersbaugh, ex-devo. todas as bandas sonoras do wes anderson são perfeitas, todas todas. basta pensar no seu jorge a fazer versões em brasileiro do ziggy stardust. são pensadas ao lado de alguém mais velho que compreende o novo, e revelam essa coisa linda que é basicamente a regeneração genuína.
a pessoa pode perder-se nessa combinação única (a banda sonora do lula e a baleia roça a mesma mestria, mas é produzido pelo wes anderson...), a pessoa quer. pelo menos, esta pessoa.
hoje, uma amiga mandou-me o alone again or, dos love, tema e banda da minha vida, e que integra a banda sonora do primeiro filme do senhor.
a mesma amiga que delira com o realizador e que me enviou o trailer do novo filme dele. passa-se na índia e o trio maravilha de irmãos (owen wilson, jason schwartzman, adrien brody) fazem uma viagem na índia para se descobrirem e revitalizarem a relação fraterna. o filme chama-se the darjeeling limited. só pelo título e por esta fotografia, o rapaz merece tudo.
ele cria microcosmos muito específicos mas com referentes familiares, fá-los chegar a um ponto nada provável, mas sempre muito confortável e mágico. a banda sonora deste filme é feita a partir das bandas sonoras do gandhi e dos filmes do james ivory.
eu não vi o filme, mas já sou fã. esperemos que não caia de muito alto.

notinha: o joão lisboa diz, a propósito do richard thomspon e do randy newman:
Ser um clássico é assim. Mesmo que, no caso, não se trate de dois clássicos cujos nomes andem propriamente na ponta da língua de toda a gente. O que é ainda uma outra forma de ser clássico, se quiserem, um clássico dos "selected few". Richard Thompson e Randy Newman pertencem indiscutivelmente a essa categoria, a qual lhes autoriza a possibilidade de — quando estão para aí virados, é outro luxo de poucos — gravarem discos que, sem exibirem a ambição de descobrir a roda pela segunda vez, se podem gabar de não descenderem de mais nada nem de mais ninguém que não seja a obra dos seus próprios autores. E que nos obriga a não os comparamos senão com eles mesmos ou com os seus pares da mesma estatura.
talvez seja um esticanço, mas o wes anderson está muito próximo disso. o campeonato é outro, ele tem de crescer, é a coisa de querer fazer a roda. mas ele está próximo.

2 comentários:

Anonymous August 23, 2007 at 4:22 AM  

é da minha cabeça, ou o jason schwartzman nesta foto que aqui publicas faz lembrar o paulo branco em jovem?

Alexandra August 26, 2007 at 1:48 PM  

Eu pensei que era o Paulo!!
PS: citar o joão Lisboa é muita bom!!!

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