tenho saudades de ler um livro. tenho saudades de ler um livro. hoje ao almoço a lia e a patrícia falavam disso. a lia queixava-se, eu nem consegui abrir a boca. tenho saudades de ler um livro, porra. sem complexos de estar a gastar tempo e a cabeça (é ridículo, eu sei) com ficção que não serve a tese. e a tese, que tem o seu feitio, ou a gestão má que a minha cabeça vai fazendo da "situação tese", por sua vez, cagou bem para as angústias de uma pobre menina rica. eu não me posso queixar. ainda há alturas qem que penso "filipa, que privilégio tiveste na tua vida, pagam-te para ver, ler e escrever sobre cinema. é brutal, filipa.". é perfeito, é o meu sonho, estou a viver o meu sonho, mas tenho saudades de ler um livro. adoro os posts da sofia porque ela é um bocado aquilo que eu imaginei ser, que eu gostaria de ser nisso dos livros. em cinco segundos, agorinha mesmo, lembrei-me de como foi fixe ler o howard's end, livro que me salvou em 2000, e perceber que afinal ainda tinha vontade de mergulhar nesses mundos. lembrei-me também de quando acabei de ler o nome da rosa e fiquei altamente angustiada, na cama do quarto que dividia com a cati, e acho até que chorei 3 lágrimas porque tinha acabado e ia ter saudades daquele ambiente. era só isso, não era mais que isso, não sou profunda, sou do prazer. o meu avô tinha a autobiografia do pablo neruda, que se chama confesso que vivi, na prateleira da sala de estudo lá da casa deles. toda a minha vida convivi com aquele livro na prateleira, entre tantas, que o meu avô tinha. um dia peguei e li. delirei, percebi perfeitamente porque é que ele gostaria do livro, liguei-lhe quando acabei só para contar como tinha adorado. ele ficou todo contente. gostava de falar com o meu avô sobre isto, mas acho que sei o que ele diria e portanto vou-me deixar de merdas. é aquela coisa privada e única e linda, espaços novos que se abrem cá dentro. a pessoa conhece-se melhor, percebe melhor o mundo e depois fecha o livro e re-entra na realidade. abandona a bolha e mergulha no mundo, que vocês compõem. gosto de saber o q a ana a. vai lendo lá no grupo de leitura dela, porque a ana curte genuinamente ler e curte partilhar esse prazer, digo eu. gosto tanto de saber que a marta lx não pára de ler. lê tanto, é lindo. a sónia dos açores vive dentro de ficções, já nem de lá sai. o joão tem sempre um livro à mão, faz parte da vida dele. eu gostava de conseguir ler ficção ao lado dele. vai ser tão bom quando isso acontecer, vai ser muita bom, joão.
é um refúgio, uma porta, é lindo e estou neste momento incapaz de me entregar a ele. fuck. e falta um ano e 8 meses.
não consigo ler um livro mas todos os dias vejo séries nojentas diferentes e se for preciso choro com elas. muito mau...
Tuesday, March 25, 2008
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6 comentários:
Tu por vezes escreves coisas admiráveis. Esta simples frase, por exemplo: 'não sou profunda, sou do prazer'. Podes ler pouco mas escreves coisas admiráveis.
A Sónia não tem um rapaz como tu, minha linda, que faz sobressair Nela as coisas mais lindas, ao ponto de se sobrepôr àquilo que é contínuo e eterno e que nunca acaba, o mar. Rapariga, naquela fotografia junto ao mar, tu não te apercebes, estás de braços abertos, mas já o mar todo corre dentro de ti, e tu não o sabes. Concordo com o anónimo. Dessa boca saiem coisas lindas, às vezes mais lindas do que as coisas que vêm escritas nos livros. E os teus braços estendem-se muito para além das fotografias, não raras vezes, sinto-te também abraçada a mim, e ajudas-me a respirar. Posso prescindir de muitos livros, mas não posso prescindir desse abraço, mesmo que não se quebre o meu silêncio. Estás lá, estás comigo também, e isso não vem escrito em livro nenhum.
Agora junta a isso tudo uma criancinha de 5 meses...aí é que te apercebes como ter tempo para ler é um privilégio! Do estilo:"agora que ela adormeceu vou pegar no meu livrinho e ler um bocadinho, ai que bom!". E ela acorda...Acho que o truque será ler-lhe os meus livros. Achas que ela vai curtir o Cosmos do Sagan?
Linda, Picolino!
minha filipinha, a malta diverte-se imenso a picar do prazer uns dos outros. tu viajas nos meus livros, e eu embarco nas estradas da tua tese. ontem, lembrei-me de ti, por causa de uma frase do imenso faulkner que vinha no público. dizia qualquer coisa como: "o mundo descobre-se com os pés, e não através de um carro". achei que era mesmo à tua medida. é um privilégio ter-te na minha vida.
(corada)e que boas vão ser as nossas conversas daqui a um ano e 8meses
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