Tuesday, January 31, 2012

alterações bruscas são violentas, mesmo quando efectivamente não se sinta, apenas pressinta, a força dessa violência toda.

há graus para tudo.
é preciso agarrar com toda a força o momento em que se plana na vida, em que se bóia ou se está recostado ao sol, sob um chão bom.


Monday, January 16, 2012

escrevi há 4 dias, sem fechar:


finalmente acalmei.

(dois dias antes da passagem do ano, fiquei a saber que o "recurso" que interpus na fct tinha resultado e que iria ser contemplada com uma bolsa por 3 anos, a ganhar o suficiente para poupar e ter uma vida boa em tempo de crise.)
(...)
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escrevi há 2 dias, sem conseguir mesmo fechar:

não acontece muito ficar sem palavras com coisas boas. é um mini teatrinho interior que geralmente descamba em lágrimas, e hoje quando a sónia me deu o livrão sobre um fotógrafo de eleição dela na salinha do fábulas lá procedi eu à minha tão íntima performance encalorada e desatei a chorar, e a pedir que se calasse por favor. a sónia é alguém que invoca baleeiras quando eu preciso de ouvir força, filipa! e saio destas coisas a sentir-me aquela senhora que no música(...)

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escrevi há minutos, no último dia desta semana:

não há semanas iguais, não há meses iguais.
nunca esquecer, filipa. nunca esquecer.
o turbilhão está por dentro ou por fora?
se assim não fosse que sentido faria?
ontem senti falta da chuva, eu que estou dentro de uma onda.


Thursday, January 12, 2012

o bob dylan abre aquela música maravilhosa a dizer não é mesmo coisas da noite/pregar-nos partidas quando tentamos estar tão quietos?. eu amo esta música mas no fundo eu detesto-a, ou detesto os versos da abertura que fixam o tom angustiante e solitário do resto da canção porque a angústia e a solidão dão-me calafrios, são tudo o que eu não quero, sobretudo de noite que é quando estou a tentar estar tão quietinha.

quando li há uns dias o herzog a dizer qualquer coisa como a andar, sou um bisonte. a dormir, uma montanha, sorri, fiquei mesmo contente, e nem foi por a minha auto-imagem ir desde sempre ao encontro de vultos e espaços grandes. ele caminhava com pressa e sentia tudo, via tudo. eu às vezes penso como ele no sentido em que registo ininterruptamente para dentro o que vejo e o que penso sobre o que vejo, e os pensamentos acumulam-se, aprofundando-se pontualmente. aquele livro do herzog é um road book e eu fico às vezes enjoada ao lê-lo por causa do ritmo.
esponja que sou e tão acelerada que ando, com facilidade adiro.
e aí sou um comboio a perfurar os espaços, a deixar as coisas para trás, a penetrar com violência em florestas novas.
só que à noite a floresta assusta, ela desinquieta - tal como a noite que o bob refere.
eu dou por mim a trazer para o dia aquilo que a noite me fez. fico toda desarrumada, encaracolada.

não é uma queixa, é um desabafo. não tem conclusão, dilui-se na tinta.

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